Essa é uma discussão bem acalorada no meio das lutas e existem diversas opiniões. Bom, eu darei aqui a minha.
O STJ já deixou bem claro que para ensinar lutas não é necessário ser formado em Educação Física, como explicado no excelente blog do Prof. Roberto Corrêa, pois o entendimento é de que o objetivo final dos centros de luta é transmitir o conteúdo da luta, ensinar uma técnica e não o fitness em si. Com isso em mente, curso nenhum de Educação Física possui em sua grade currículo para ensinar o Karatê-do, por exemplo, uma arte marcial onde para se formar decentemente um faixa-preta leva-se pelo menos 8 anos (só de faixa marrom eu fiquei 3…).
Eu concordo plenamente com o STJ e digo isso sendo formado em Educação Física e registrado no meu Conselho Regional (CREF/RS) sob o número 011906-G. No entanto, diante de coisas que tenho visto por aí, acho que a formação acadêmica deveria ser levada em consideração em algum momento por conta de fatos como por exemplo:
– se o objetivo é ensinar a luta, não cabe ao sensei fazer circuito de treinamento funcional, colocando gurizada a puxar pneu de trator;
– composição corporal não se faz simplesmente comprando uma balança de bioimpedância ou vendo no google como se mede dobra cutânea;
– não adianta fazer um alongamento intenso e depois querer fazer 500 chutes, porque não vai ter força muscular.
Quem sabe disso é um profissional de Educação Física. Quem deve fazer isso perante a lei brasileira é o “crefista” como dizem, pois nestes casos de condicionamento físico é ele o profissional preparado, não um sensei/professor/instrutor que só aprendeu dentro do dojo/dojang/centro de lutas. E veja bem, deve ser um bacharel, não licenciado, que é o meu caso.
Então eu hoje defendo o seguinte caso: se o instrutor quer ALIAR a transmissão da técnica, cultura e valores da sua arte marcial e junto quer trazer condicionamento físico para seus alunos, que se forme em Educação Física ou tenha em seu local um profissional registrado para tal, que cuide do todo. Alguém que vai atentar para que se tenha um aquecimento adequado para o conteúdo daquela aula; que faça avaliação física dos alunos e cuide do bem estar dos mesmos e se der algo errado será responsabilizado perante a lei. Sim, sei que isso vai encarecer o mercado, mas também servirá para melhorar a qualidade do serviço prestado, fidelizando mais os alunos e assim mantendo-os na escola por mais tempo!
Agora, se um dia quiserem legalizar o ensino, obrigando o curso superior para ensinar lutas, eu defendo que teria que ser LICENCIATURA e não bacharelado para as artes marciais, justamente por causa dos argumentos de que arte marcial se ensina! Quem é treinado para tal, que aprende sobre Psicologia da Educação, Didática, Planejamento de Ensino, Psicomotricidade, Desenvolvimento Infantil, etc e ainda aprende sobre biologia humana e esportes é o licenciado, não o bacharel! Eu me graduei para isto, para dar aula com qualidade (pelo menos é o que se espera), mas isto fica para outra discussão… 🙂
Isso é loucura.
Desde o momento que você trabalha o corpo humano de forma anatômica, em partes onde acarrerta mudanças tanto na estrutura física muscular do indivíduo. Por exemplo; aquecimentos, alongamento e até mesmo o impacto dos golpes por diversas partes importantes ou até letais do organismo humano. Isso requer um conhecimento e e abilidades bem especificas, ate mesmos porquê no deslocamentos dos músculos, a cada golpe praticado pelo indivíduo (aluno) exige controle mental, deslocamento muscular e alterações variaveis na PA.
Em minha opinião deve se ter sim toda instrução necessária e acadêmica para um profissional que queira trabalhar com práticas que envolve totalmente o organismo humano (corpo humano). Seria muito digno a uma qualidade de vida saudável.
Uma formação de licenciatura, seria o ideal.
Olá! Obrigado pelo comentário.
Sem dúvida que o conhecimento e responsabilidade sobre o manuseio do corpo humano tem que ser feito por profissional adequado. A pedagogia do ensino também deve ser levado em conta e por isso defendo que a licenciatura seria o caminho mais correto se fosse regular a profissão. No entanto, o conhecimento “per se” de arte marcial vai muito além da faculdade, o que nesse caso quem tem graduação para tal, em uma entidade séria, tem condições de transmitir A TÉCNICA. Mas sim meu amigo, corpo humano é tão complexo que se não entende, não é bom abusar!
Abraço, Oss!
A contra partida tenho visto muitos professores de educaçao física saindo da faculdade com “autorizaçao” (segundo os recem formados) do CREF para dar aulas de karate e jiu jitsu, nao sendo estes formados nem no mínimo em faixa preta, conheci alguns exemplos de faixa roxa e um que nem era faixa branca! Pasmem! O indivíduo nao sabe explicar, budô, kata, kihon, bunkai nao fala nada em japones.
E está dando aulas segundo ele porque é professor de educaçao física por tanto tem autorizaçao. O correto por lei é que se quer dar aula de arte marcial voce precisa ser no mínimo faixa preta independentemente de ser professor de educaçao física ou nao.
Dentro da arte marcial seria o mesmo que eu fazer um curso de técnico de enfermagem e assumir uma vaga de neurocirurgiao.
Olá
Sim, esse é um problema dos dois lados e tem mais: hoje no Brasil qualquer um pode criar uma federação com CNPJ e assim “formar” faixas-pretas. Então é uma problemática muito maior. Eu acredito que deve-se criar uma consciência nos alunos, para que pesquisem o histórico de quem está dando aula antes de se matricular; busque orientações sobre a arte e o mínimo que deve ser ensinado, afinal a internet tá aí!
Oss!
O ensino da arte marcial tradicional segue os ensinamentos que foram passados pelos antigos mestres, quando bem executados a risca. Não obstante Gichin Funakoshi, criador do karate moderno era psicológo; Masao Kagawa, é formado em Direito. Então é uma discussão estéril analisando a realidade da arte marcial real, na contramao de formas numerosos caixas preta. Aqui na região de oito mil alunos, trinta e dois chegaram lá até pouco tempo atrás. Oss
boa noite eu treino judo desde 1980 tenho 50 anos sou fisioterapeuta cardio respiratória e pneumo funcional e entendo mt bem bem de corpo humano . E acho que não tem nada haver se e formado em educação física e ou outros cursos pq as criancas entram no judo e nao são obrigados a fazer educação física. Meu filho esta chegando na preta e vai fazer veterinaria e aí nunca vai poder dar aulas.
Olá João. Pois então, com a sua formação a parte biológica da questão está mais do que sanada e isto realmente ajuda em muito o ensino, mas esta é o outro lado da moeda, que é a didática da arte que quem cursa uma licenciatura tem todo o preparo. Mas acho que o CREF não conseguirá reverter este entendimento da justiça então fica a cargo de cada professor fazer a formação que lhe convier. Oss!
Não acho necessário a Graduação em Educação física-licenciatura para dar aulas de lutas. Já existe uma graduação na arte marcial que ensina a didática necessária para o fim do ensino. Quando se chega a faixa preta você já está preparado para essa finalidade de dar aula. Lógico que se o professor de arte marcial quiser fazer a graduação ele será um profissional com uma bagagem maior, mas necessário não é. Já os treinamentos físicos devem ter a participação do bacharel em educação física. Mas não vejo necessidade se for só o alongamento e aquecimento próprio da luta.
Olá. Sim, lembrando que na verdade a faixa-preta não é o fim do caminho, apenas quer dizer que você aprendeu o básico da arte e agora pode se aprofundar. Sobre o bacharelado e preparação física, concordo contigo como comento no texto, que uma coisa é a arte, outra o condicionamento físico!
Treino a muitos anos o Muay Thai, e não tenho a preta do Muay Thai! E por ter muitos anos de treinamento, leciono aulas sempre que possível.
Também já assisti vários formados em educação física, dar aulas de artes marciais, e realmente, não sabiam nem como segurar um aparador, ou ficar no posição correta! Sim, se o Professor tiver uma formação e realmente entender o que faz e como faz, blz.
MAS, para lecionar aulas de artes marciais, e preciso ter muito conhecimento da arte, além de muita técnica e sabedoria para com os alunos, um educador físico, que nunca treinou não sabe o que é levar um chute no peito, ou bloquear uma joelhada, não entende o que é sentir dor, depois de um treino pegado.
Bom, quando eu treino alguém, até agora ele ou ela pedem mais! Não tenho formação física, Mais os meus anos de treino, me diz quando estou cansado, e quando estou fraco, meus anos de treino, me diz se vou ou não consegui executar um golpe ou ter uma reação de defesa, e isso eu, meus anos de experiência, eu posso passar para os alunos, como bater e como se defender, onde dói ou machuca mais, e muita mais do que isso.
Treinamos, batemos, apanhamos, sentimos dores, e desistimos quando se está sem energia, e isso podemos passar para as pessoas, onde pode machucar muito ou pouco, onde pode quebrar ou torcer, uma articulação, tudo isso a EDUCAÇÃO FÍSICA não nos ensina! Tem muita mais além da ARTE MARCIAL, que uma faculdade de Ed Física, não pode fazer para uma pessoa que quer se aventurar nas artes marciais, só a experiência em querer encarar uma arte marcial, vai dizer o que é bom para um praticante de artes marciais. Como eu disse, ter física, e bom, mais não vai fazer uma pessoa, que quer dar aula de artes marciais, um bom profissional.
Olá Jânio. Com certeza, como comento no texto, ter apenas o curso não faz um professor de artes marciais, porque o curso não aborda o currículo de uma arte marcial. Da mesma forma, alguém que sempre treinou como aluno e não tem formação acadÊmica também pode não ter a carga necessária para fazer treinos de condicionamento físico – aliás, é ilegal no Brasil ;). Como sempre, deve-se trilhar o caminho do meio para o melhor dos alunos!
Então se eu quiser me tornar profissional, abrir uma academia de artes marciais e defesa pessoal, posso simplesmente praticar bastante e aprender sobre psicologia, dicção, e outros cursos agregados á prática das artes. Isso levaria uns 8 anos? Alguem sabe me dizer? Estava pensando no Karatê e krav magá.
Olá
Em princípio, sim. Claro, você deve ter algo que o certifique que você atingiu um determinado nível. Por exmeplo, é ruim você apenas ver os videos em youtube de kata, imitá-los e abrir um dojo. Você estará se enganando e enganando seus alunos, pois ninguem teria lhe examinado e feito as correções necessárias para lhe dizer o que está certo e o que está errado. Tenho visto isto no Kobudo, arte que tem crescido no ocidente e muitos tem visto videos de kata e já saem ensinando. Se ninguém lhe corrigiu, quem garante que está certo? 😀
Não tem problema algum se um professor for estudar e se graduar em Educação Física. Faz Bacharelado se quiser treinar uma equipe para competições, afinal existe uma coisinha chamada preparação física… ou faz licenciatura se quiser trabalhar com criancinhas… não tem mal algum em complementar o conhecimento.
Agora, profissionais formados, que nunca puseram o pé em um tatame, é óbvio que não podem dar aulas de artes marciais… isso até da preguiça de discutir, de tão absurdo… a arte marcial deveria ser uma especialização deste recém-formado, passando por todos os níveis de aprendizado até alcançar, no mínimo, uma faixa marrom.
Acredito que o simples ato de passar o conhecimento da arte marcial pode ser aplicado já durante a faixa marrom, e este aluno deveria ser preparado para, quando alcançar a faixa preta, se este for seu desejo, tornar-se um professor (Sensei) e orientado quanto a possibilidade de cursar o superior em Educação Física.
O que não podemos é achar que porque sabemos algo, não precisamos aprender mais nada, ou que Licenciatura é melhor que bacharelado (porque não fazer a graduação plena então, seguindo essa mesma lógica)… o conhecimento não ocupa espaço e nos torna mais preparados!
Perfeito, é exatamente o que defendo no texto. Ter o conhecimento acadêmico ALIADO à formação da arte em si seria perfeito, mas que cada um saiba das suas limitações sobre o quê ensinar e transmitir aos seus alunos! Oss!
Olá sou Mestre de taekwondo treinador de Muaythai também licenciado e bacharel em Educação física.
Ser um professor de Educação fisica, não quer dizer que será uma artista marcial ou um profissional de artes marciais também nao é um profissional de educação física
No meu modo de ver os professores de artes marciais podem dá aulas livremente o que nao pode é vender um produto no caso as lutas como exercício fisico .. é isso que está acontecendo isso não concordo…
Olá Milton.
Concordo contigo. Cada coisa no seu lugar! Claro que a prática de qualquer esporte trará benefícios físicos, mas no caso das artes marciais, se não tiver formação para a parte fitness, não se deve misturar. Abraço!
Tem muito professores de educação física que mau sabe realizar sua própria função imagine dar aula de artis marcias